sábado, 15 de novembro de 2008

FATALISMO, NÃO!

"Castelo de cinco quinas,
Só há um em Portugal,
Fica à beira da Côa,
Na vila do Sabugal"
Esta semana a imprensa regional (Diário das Beiras e Diário XXI) dava conta de um estudo promovido pela Cáritas Diocesanas da Guarda, Salamanca e Cidade Rodrigo, e do Observatório Económico e Social da Universidade da Beira Interior (Covilhã), intitulado Raia é zona "sem presente e sem futuro".
Para este quadro, nada encorajador, concorrem, nomeadamente: a drástica perda da população (os concelhos de Figueira de Castelo Rodrigo, Almeida, Sabugal, Penamacor e da província de Salamanca, perderam, desde 1950, 58% da sua população, passando de 92.000 para 38.000 habitantes, na actualidade) e o facto de se tratar de "uma das zonas mais desfavorecidas e pobres da Península Ibérica e da Europa", onde "há falta de massa crítica (crianças, jovens e adultos) por falta de emprego. Salienta ainda o estudo que, o "abandono e tratamento desfavorável por parte dos Governos e dos órgãos administrativos de Portugal e Espanha", contribuiram fortemente para a construção deste quadro.
A criação de um centro inter-diocesano de intervenção social, da responsabilidade da Cáritas da Guarda, definiu três áreas de actuação: dinamização comunitária (educação e formação), serviços de proximidade (apoio a pessoas idosas e em situação de dependência) e fomento do espírito empreendedor e de acções para a insersão laboral.
Por último há a salientar que nas conclusões deste estudo, podemos observar que estamos perante "uma zona com futuro, assim haja consciência e mentalização, por parte dos residentes e das entidades, sobre as potencialidades reveladas".
Se me permitem eu acrescentaria: e o papel do Estado? Não será altura de olhar o país da mesma maneira, ou será que o interior onde se inclui esta zona raiana ficará eternamente esquecida?
É bom lembar que a ligação por auto estrada, ao resto do país e à nossa visinha Espanha, chegou apenas há meia dúzia de anos!
Sabemos que daqui por um ano todos se lembrarão de cada habitante que por ali reside, não é certamente para dar resposta às questões deste estudo, mas sim recolher o voto, tão útil para garantir o lugar de alguém, em alguma cadeira do poder, por mais pequena que ela seja!
Que haja investimento público!
É altura de reivindicarmos os nossos direitos!
Chega de fatalismos!


JGouveia

Sem comentários: